Intolerância ao glúten

O glúten, proteína que encontramos em numerosos cereais, nomeadamente no trigo e  no centeio, e que permite obter um pão bem cheinho e uma massa bem leve, é cada vez mais falado!

Muitas pessoas são intolerantes ou hipersensíveis. Culpa das enzimas digestivas!?…
Conhecer melhor esta molécula complexa: intolerância  ou alergia,
quais são as diferenças ? A dieta sem glúten  e a prática no seu dia-a-dia… e ideias de receitas simples, originais e saborosas.

O que se passa quando somos hipersensíveis ao glúten?
Inofensivo para a maior parte da população, o glúten pode ser problemático para algumas pessoas: fala-se em intolerância ou em hipersensibilidade que afeta cerca de 30% da população.
Desde o século passado que numerosos cereais sofreram transformações, mutações, seleções… tendo como consequência uma concentração mais importante em glúten para a qual o organismo, nomeadamente as enzimas digestivas, não estão adaptadas. O intestino fica então fragilizado pela proteína do glúten provocando desconfortos digestivos tais como inchaços, náuseas, muco nas fezes…
Contrariamente à intolerância ao glúten, a alergia ou doença celíaca é uma reação do sistema imunitário diagnosticada em geral muito cedo na criança – entre 6 meses e 2 anos após a introdução do glúten- .
O glúten provoca, com uma resposta auto-imune, lesões na parede do intestino que fica incapaz de absorver corretamento os nutrientes, vitaminas e minerais. Seguido de problemas relacionados com a má absorção: cansaço, transito perturbado, perda de peso…
A solução é adotar uma dieta sem glúten: supressão do trigo, aveia, centeio, cevada, espelta, kamut, triticale (híbrido sintético de trigo e de centeio). A "toxicidade" da aveia, antes reconhecida, hoje em dia parece inválida; este cereal é no entanto, desaconselhado na dieta sem glúten pela maioria dos especialistas.
Como tal, desaconselhar o pão, as massas, pizzas, quiches, bolos, massas industriais, mas também o pão ralado, a cerveja… e tantos outros também: o glúten (da palavra latina glu, cola) é de fato utilizado como ligante em inúmeros produtos da indústria alimentar. Cuidado com as rotulagens!

Cereais e feculentos autorizados (SIM) e desaconselhados (NÃO) para os intolerantes e alérgicos ao glúten.

SIM (sem glúten)
NÃO (com glúten)
milho-painço
amaranto
araruta
castanhas e derivados
legumes secos (lentilhas, grão de bico,
feijões, favas)
milho e derivados (farinha, sêmola, flocos)
mandioca e derivados (tapioca)
batata doce
batata
quinoa
arroz
trigo sarraceno
soja e derivados
sorgo
rigo = fermento
centeio
cevada = malte
aveia
espelta
kamut
triticale


Alimentos que os intolerantes ao glúten podem consumir:
SIM
NÃO
Os cereais autorizados ou sem glúten e féculas permitidas e os produtos derivados: maisena, fécula de batata

Todos os produtos à base de cereais com glúten « não » (cf. tabela anexa): farinha branca ou completa, pão, biscoitos, pão torrado, pão sueco, pão ázimo, pão com especiarias, pão ralado, todas as massas, cuscuz, sêmola, aletria, crepes, panquecas, quiche, pizza, folhados
Todos os alimentos que contenham proteína animal ao natural: ovos, carnes, peixes, frutos do mar.
Qualquer refeição cozinhada fora de casa (pratos industrializados, restaurantes...) que podem conter pão ralado (peixes), carne de salsicha (misturada com pão), farinha, xarope de trigo
Todos os legumes ao natural, frescos ou congelados
As sopas instantâneas
Legumes secos cozinhados em casa
Todas as conservas com carne, patês à base de peixe ou carne, carne picada, charcutaria nomeadamente carne dos enchidos, salsichas e chouriço
Purê caseiro
Todos os legumes processados para venda: gratinados, fritos, misturas em conservas ou inclusive lentilhas
A maior parte dos acompanhamentos simples: sal, pimenta, especiarias, ervas aromáticas, alcaparras, todas as conservas caseiras (alimento + vinagre + aromáticas)
Todos os molhos e acompanhamentos prontos a consumir; maionese, mostarda, ketchup, cubos de carne, banha, molho de tomate ou soja, sal de aipo, misturas de especiarias.
Todos os produtos lácteos simples (leite, queijo, iogurte)
As margarinas, todos os produtos lácteos além dos já mencionados na coluna "sim", nomeadamente todos os preparados industriais tipo sobremesas, flans, barras de chocolate, cremes industrializados
Todas as frutas frescas ou com xarope, e qualquer preparação feita em casa (compota, frutas cozidas)
Todos os doces (inclusive pastilhas), mas também nougats, drágeas, creme de castanha, todas as barras, todos os bombons, as pastas de fruta
Todos os sumos de fruta
Vodka, cerveja, whisky, os alcoóis de mistura
Amêndoas, nozes… também o chocolate preto
As bebidas para pequeno-almoço à base de malte ou cacau
Todos os produtos com açúcar natural: doce de fruta, mel, xarope de ácer, geleias
As farinhas infantis clássicas, sobremesas e potinhos que não contenham na rotulagem "sem glúten"
Todos os doces caseiros (controlando todo o processo de fabricação): arroz doce, cremes, sorvetes
Os figos secos envolvidos em farinha
Chá, água, vinho, cacau com leite (tem que ser um cacau puro para fazer esta preparação). Todos os produtos identificados « sem glúten » na rotulagem. Para as crianças, as farinhas e sobremesas com indicação especifica «sem glúten». Ler com atenção as rotulagens!



Proposta de menu
1 fruta 10 a 15 minutos antes da refeição

Café da manhã
Chá verde, café, sucedâneo de café ou infusão
1 ovo quente ou 1 iogurte de cabra, ovelha ou soja
Creme Budwig (veja a receita aqui) com cereais autorizados pela dieta sem glúten ou pão sem glúten + manteiga de amêndoas, amendoim, avelãs...

Almoço
Crus (cenouras, salada…) com azeite virgem de primeira pressão a frio (colza, noz, azeitona…)
Carne, peixe ou ovos acompanhados com legumes e/ou batatas, arroz
1 compota de fruta de estação
Caso seja necessário tortitas de arroz ou trigo sarraceno

Lanche (16 horas)
1 fruta crua de estação
1 xícara de chá
1 punhado de frutos com casca (avelãs, amêndoas…)

Jantar
Sopa de legumes
Em função do apetite acrescentar batata/leguminosa autorizada: grão de bico ou lentilhas em salada, arroz…
Queijo fresco de cabra ou ovelha (2 ou 3 vezes por semana) com bolachas de arroz, trigo sarraceno ou leite de soja.
1 compota de fruta de estação ou cozida

*Sugestão de preparo para a substituição dos pães: 
Dentro de uma taça, colocar 4 a 5 colheres de sopa de farinha sem glúten (farinha de trigo sarraceno, arroz ou araruta), acrescentar um ovo, sal e colocar no liquidificador com leite de arroz (ou de soja). Cozinhar na frigideira como um crepe. Esta pequena panqueca pode substituir o pão ou crepes para as refeições.

Fonte: Adaptado de https://www.nutergia.pt
Imagem: Freepik.com

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